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Entenda os quatro níveis da pós-graduação: Brasil e exterior

Existe bastante confusão quando o assunto é “pós”. A primeira coisa que podemos fazer para esclarecer os diferentes níveis acadêmicos é listar a ordem hierárquica dos títulos. Vejamos abaixo (em ordem crescente de aprofundamento).

1. Ensino Médio

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2. Técnico

3. Graduação

4. Pós-graduação Lato Sensu: Especialização ou Aperfeiçoamento

5. Pós-graduação Stricto Sensu:

5.1 Mestrado

5.2 Doutorado

Quando você termina a sua Graduação, você tem basicamente três opções se quiser permanecer na universidade. Você pode fazer uma Especialização, um Mestrado ou, em algumas áreas, um Doutorado direto. A Especialização é muito comum como forma de aperfeiçoamento em alguma área, e pode ser bastante útil para quem deseja se atualizar. Você não precisa de uma Especialização para fazer Mestrado. O Mestrado, por outro lado, é uma boa ideia caso você desejar algo mais aprofundado, que culminará com a escrita de uma Dissertação, que precisa ser defendida perante a uma banca examinadora. Mestrados podem ser profissionais ou acadêmicos, e são mais longos e mais complexos do que uma Especialização.

Embora não seja necessário ser Especialista para se tornar Mestre, algumas pessoas acham interessante fazer uma pós-graduação Lato Sensu antes de partir para um Mestrado—principalmente se você estiver mudando um pouco de subárea. Para fazer um Doutorado, contudo, é quase sempre necessário ter um Mestrado. Existem exceções, mas normalmente um Mestrado será um pré-requisito para a seleção do Doutorado.

Há uma grande diferença entre um Mestrado e um Doutorado. Em primeiro lugar, Doutorados são mais longos, e exigirão uma carga de pesquisa bastante superior. Além disso, sua tese precisará conter alguma contribuição real à área do conhecimento que você estuda.

E o Pós-Doutorado?

Pós-Doutorados não são títulos: são estágios de pesquisa. Ou seja, ninguém possui o título de “Pós-Doutor”. No Brasil, muitos professores de universidades públicas realizam estágios pós-doutorais fora (ou dentro) do país. Você já deve ter visto algum professor que possui um (ou mais) Pós-Doutorado. Não se impressione: isso apenas quer dizer que ele (ou ela) passou um tempo se dedicando a alguma pesquisa específica. A vantagem do Pós-Doutorado é que você tira uma espécie de “licença” da docência, e pode se dedicar exclusivamente à pesquisa. Muitas vezes, não há seleção, e é relativamente fácil conseguir uma bolsa de Pós-Doutorado.

Fora do Brasil, Pós-Doutorados são tratados como contratos temporários de emprego (em pesquisa). Ou seja, muitas pessoas sequer listam esse tipo de coisa na categoria “Educação”, já que são, na verdade, empregos temporários. Um Pós-Doutorado é uma boa oportunidade para intensificar a sua pesquisa, publicar mais e fazer contatos, já que você se dedicará em tempo integral a isso.

No exterior: Canadá

Como exemplo, vou repetir a lista acima, agora adicionando os termos equivalentes em inglês—levarei em conta o Canadá, que é muito similar a outros países de língua inglesa.

1. Ensino Médio (High School)

2. Técnico (College/CEGEP no Québec)

3. Graduação (Undergraduate Degree: Bachelor of Arts [BA], Bachelor of Science [BSc] etc.)

4. Pós-graduação Lato Sensu: Especialização ou Aperfeiçoamento (Graduate Diploma/Certificate)

5. Pós-graduação Stricto Sensu (Graduate Degree):

5.1 Mestrado (Master’s Degree: Master of Arts [MA], Master of Science [MSc] etc.)

5.2 Doutorado (PhD)

Por exemplo, se você fizer Graduação em Química, terá título BSc. Se fizer um Mestrado em Química, um MSc. O termo PhD (Doctor of Philosophy) é usado para qualquer área do conhecimento. Ou seja, PhD = Doutorado. Normalmente, se você tem um PhD, você listará apenas esse título após o seu nome: Fulano de Tal, PhD.

Diferenças entre Brasil e Canadá

Assim como no Brasil, você não precisa de um Graduate Diploma, ou seja, uma Especialização, para fazer um Master’s (Mestrado). A diferença é que aqui você não precisa de um Mestrado para fazer um PhD. Em outras palavras, você consegue ir da Graduação direto ao PhD, em muitos casos. Por essa razão, muitos Doutores são bastante jovens.

  • Curiosidade: MBAs são Mestrados na América do Norte, mas Especializações no Brasil. Ou seja, MBA é classificado como Lato Sensu no Brasil.

Isso ocorre por várias razões. Em primeiro lugar, a Graduação aqui é bastante diferente do Brasil. Há mais opções, e você pode fazer disciplinas de áreas distintas, com focos bastante diferentes. Por exemplo, você pode fazer um “Major” em Química e um “Minor” em Economia. Isso significa que você fará muitas disciplinas de Química, algumas de Economia, e algumas outras gerais que farão parte do seu currículo. Você tem uma maior liberdade de escolha (inclusive de que cadeiras desejará cursar). Também é possível terminar a Graduação com um “Double Major”, ou seja, com foco em duas áreas. Há, também, a possibilidade de fazer um “Honours”, que indica que você se especializou em uma determinada área durante a sua Graduação. Por exemplo, um de meus orientadores se formou um História e Física, e depois fez um PhD em Computação com ênfase em Linguística. Essas “misturas” são superinteressantes, e trazem muitos benefícios à nossa formação intelectual.

A segunda razão por que você consegue pular o Mestrado tem a ver com a intensidade e qualidade acadêmica. O Canadá, assim como os EUA, tem uma excelente reputação acadêmica, e isso não é por acaso. Os alunos que saem da Graduação de uma boa universidade canadense têm preparo suficiente para embarcar em um PhD, muitas vezes. Isso ocorre porque há muitas oportunidades durante a Graduação para fazer parte de grupos de pesquisa. Isso tudo faz com que um formando aqui tenha muito mais experiência acadêmica do que formandos de países onde o sistema é mais engessado e de qualidade inferior.

Quem faz um PhD?

Quase sempre, quem tem interesse em desenvolver pesquisa. Muitos doutorandos pretendem ser pesquisadores e/ou professores universitários. Outros irão ao setor privado, onde poderão trabalhar com pesquisa dentro de empresas diversas.

Quanto tempo dura um PhD?

Depende. Muitos têm duração de 3 anos, e muitos duram 5 anos. No Brasil, normalmente duram 4 anos. Doutorados de 3 anos já iniciam com foco em pesquisa, e você normalmente não faz muitas disciplinas. Esse estilo costuma ser chamado de “Research-based”. Embora sejam mais curtos, esses PhDs não oferecem uma formação horizontal, já que você já inicia com um projeto. PhDs de 5 anos terão diversas disciplinas, e oferecerão uma formação bastante completa. Por outro lado, terão mais exigências. Aqui, é muito comum levar mais de 5 anos para terminar, justamente porque há muito a fazer.

O que se faz em um PhD?

Um aluno de PhD de 5 anos normalmente tem três grandes tarefas. Estudar, pesquisar e trabalhar. Primeiro, é preciso cursar muitas disciplinas, realizar diversas análises e escrever artigos de fim de disciplina. Segundo, é preciso escrever e publicar artigos originais, trabalhos em conferências, pôsteres etc. Terceiro, normalmente é preciso dar aulas na Graduação (seja como “Teaching Assistant”, seja como “Lecturer”). Se você é “Teaching Assistant”, suas tarefas variam muito: em meu caso, é preciso dar duas aulas por semana, corrigir provas, atender alunos e preparar alguns materiais. Se você é “Lecturer”, você é o professor de uma disciplina, ou seja, tem 100% de responsabilidade. Por fim, você precisa viajar a congressos e cursos—esta parte é extremamente importante.

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