4 dicas que irão transformar sua forma de escrever (parte 2)
No primeiro post da série "4 dicas que irão transformar sua forma de escrever (completamente)", falamos sobre a qualidade discursiva chamada OBJETIVIDADE. Na dica desta semana, falaremos sobre uma outra qualidade que trabalha intimamente relacionada à primeira: a CONCRETUDE.
É altamente recomendado que você LEIA A PARTE 1 antes de prosseguir esta leitura
Dica 2 - CONCRETUDE
Você dizer “meu final de semana foi maravilhoso” não me diz nada! Os adjetivos são uma grande armadilha porque eles nos passam a falsa sensação de que tudo foi dito, quando, na verdade, só saberemos aquilo que imaginamos ser de algo tão abstrato quanto “maravilhoso”. Vou tornar isso concreto: a filha adolescente chega de uma festa, sua mãe lhe pergunta como foi? e ela responde legal. A mãe insiste para que a filha realmente diga alguma coisa e a adolescente, irritada, responde já falei que foi legal com a falsa sensação de já ter dito o suficiente. Desconsiderando a hipótese de que a filha não quisesse dar detalhes para a sua mãe, temos a falta de OBJETIVIDADE (entenda a objetividade na parte 1) na fala da menina por, justamente, ela não dar CONCRETUDE ao "legal" dito tantas vezes.
Para que a mãe possa entender o que é legal para a filha, ela precisaria tornar concreta a abstração que o adjetivo “legal” instaura. Uma dica muito útil é “perguntar” aos adjetivos: “legal como?”, “maravilhoso como?”, “chato como?”. Afinal, diferente seria se a menina falasse de coisas específicas, de particularidades, de diferenças, de elementos que tornaram sua festa única e a entusiasmaram, mostrando isso por meio de fatos, ações, exemplos, pequenos relatos de situações ocorridas na festa e como ela reagiu a tudo isso. Somente assim a mãe poderia se identificar com a menina confrontando as diferenças e semelhanças das suas festas na adolescência. A mãe, desse modo, teria todos os elementos para decidir e julgar se aquilo que a filha trouxe é "legal" para ela também.
Uma ótima forma de utilizarmos a concretude em nossos textos é substituindo adjetivos e advérbios simples por orações adjetivas e adverbiais (as quais devem sempre ser trabalhadas na construção textual e não apenas mostradas e classificadas de forma pouco útil e nada significativa para os alunos). Vou dar concretude. Se ao invés de "forte" na frase “um homem muito forte entrou no bar”, utilizássemos a oração adjetiva “um homem que quebrou sua bengala como se fosse um simples graveto entrou no bar”, daríamos uma noção melhor ao nosso leitor de algo tão abstrato como é a força, afinal, quebrar a bengala como se fosse um simples graveto nos passa claramente uma ideia de “muito forte”. Da mesma forma, causa um efeito textual muito maior dizer “feriu-lhe quando lhe cortou a cara com uma navalha enferrujada” do que, simplesmente, “feriu-lhe gravemente”.
Outra forma muito eficaz de se trabalhar a concretude é por meio de narrativas (até mesmo em textos dissertativos) e de exemplificações. Nada nos convence mais do que uma boa história. Quem já foi alguma vez a uma igreja evangélica ou a um grupo de alcoólicos anônimos sabe o impacto que o chamado testemunho provoca nas pessoas. O leitor quer a experiência individual concreta, com o nível de detalhamento suficiente para que ele possa construir um quadro completo em sua mente. Para que o autor alcance este patamar textual, precisará, invariavelmente, da nossa próxima qualidade discursiva: a UNIDADE TEMÁTICA (LEIA A PARTE 3 para conhecer essa qualidade).
Ficou com dúvidas sobre a concretude? Não deixe de nos perguntar ;)
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